domingo, 29 de março de 2015

O mundo glamouroso dos novos super-ricos da Índia


Mercado de luxo da Índia deve movimentar US$ 15 bilhões até o fim de 2015
Poucas coisas simbolizam melhor a ambição dos novos super-ricos da Índia do que ter poder sobre o prédio mais alto do mundo.
Em 2005, o empresário indiano Bayaguthu Raghuram Shetty, radicado nos Emirados Árabes Unidos, pagou US$ 12,3 milhões (ou mais de R$ 38 milhões) pelo 100º andar inteiro do Burj Khalifa, arranha-céu de 828 metros de altura em Dubai.
Muitos de nós passaremos a vida inteira ser vem tamanha quantidade de dinheiro, mas para Shetty, de 71 anos, dono de um império de negócios nas áreas de saúde e câmbio de moedas, foi apenas uma comprinha a mais.
"Poder ser dono de um pedaço desse prédio singular é um privilégio e motivo de muito orgulho", justificou o empresário em entrevista por e-mail à BBC.



O empresário Gautam Singhania, do setor têxtil, em seu jatinho particular
Shetty é integrante de um grupo cada vez maior de indianos que hoje têm dinheiro de sobra para consumir luxo e beleza. Apesar de muitos cidadãos ainda viverem na pobreza, a quantidade de indivíduos com mais de US$ 30 milhões em bens está crescendo rapidamente.
Em um relatório divulgado em 2014 pelas consultorias Capgemini e pela RBC Wealth Management, a Índia está em 16º lugar no ranking de países com mais pessoas com essa faixa de renda. O país abrigava 156 mil milionários em 2013, e esse número pode chegar a 358 mil em 2018, segundo a WealthInsight, uma empresa global que segue os movimentos dos indivíduos mais ricos do mundo.
A lista indiana é dominada por jovens empresários, industriais e famílias cuja riqueza foi alavancada pela crescente capitalização do mercado de equities, pelo aumento no consumo e pela explosão imobiliária.
Mas os indianos super-ricos não apenas acumulam bens. Eles também vivem a vida em sua plenitude. E assim como outros endinheirados de outras partes do mundo, os indianos gostam de ostentar itens exclusivos e experiências raras.
Shetty, por exemplo, é famoso por sua paixão por carros de luxo e possui uma coleção que, de acordo com a revista Forbes, inclui uma frota de Rolls-Royces e um Maybach.

Acumulando imóveis


Bavaguthu Raghuram Shetty comprou um andar inteiro no prédio mais alto do mundo, em Dubai
Além disso, esses ultramilionários também estão acumulando imóveis. Se você examinar com cuidado qualquer transação em um imóvel de luxo da Europa, dos Estados Unidos ou do Oriente Médio, poderá ver a mão de um investidor indiano.
Os indianos estão no topo da lista dos compradores estrangeiros das maravilhas arquitetônicas de Dubai, por exemplo, segundo estatísticas do Departamento de Terras do emirado.
Além do Burj Khalifa, as Palm Islands, ilhas artificiais em formato de palmeiras, são outro ponto de Dubai atraindo o dinheiro dos indianos.
Na Grã-Bretanha, os indianos formam o maior grupo de compradores estrangeiros nas áreas residenciais mais caras de Londres – 25%, segundo a imobiliária Wetherell, especializada em apartamentos e casas no bairro de Mayfair – mais do que compradores europeus e asiáticos (19% do total) e dos russos e provenientes do Oriente Médio (13%).
Uma antiga colônia britânica, a Índia tem laços históricos com a Grã-Bretanha. Peter Wetherell, CEO da imobiliária que leva seu nome, lembra que os bilionários indianos também são proprietários de alguns dos hotéis mais luxuosos de Londres, como o Grosvenor House, do grupo Sahara India Pariwar.
Nos Estados Unidos, os indianos são o quarto maior grupo de compradores de imóveis, atrás de canadenses, chineses e mexicanos, segundo a Associação Nacional de Corretores americana.
Os milionários e bilionários indianos mais aventureiros também têm procurado ilhas particulares em lugares exóticos, segundo o jornal The Times of India, que noticiou o número cada vez maior de indianos procurando a empresa canadense Private Islands Inc em busca de seu próprio pedaço de paraíso.

Jatos e iates


O Indian Empress, do magnata Vijay Mallya, é um dos maiores iates do mundo
Tradicionais símbolos de status, jatos particulares não poderiam ficar de fora da lista de brinquedinhos dos super-ricos indianos. De acordo com a consultoria Frost & Sullivan, esses consumidores formam 12% do mercado global de jatinhos particulares.
Entre os donos dessas máquinas cujos preços variam entre US$ 4,5 milhões (quase R$ 13,8 milhões) e US$ 310 milhões (aproximadamente R$ 950 milhões), estão os barões do mundo dos negócios Ratan Tata, Vijay Mallya, Lakshimi Mittal, Gautam Singhania e os irmãos Mukesh e Anil Ambani.
Só a fabricante canadense Bombardier espera entregar 1.215 jatos para a Índia até 2033.
Os iates de luxo também têm seu espaço no bolso dos indianos. O setor cresceu cerca de 10% na Índia nos últimos anos, segundo o The Economic Times, principal jornal de economia do país.
Isso coincide com a previsão de que o mercado de luxo da Índia, que movimentou US$ 7,58 bilhões em 2012, chegue a US$ 15 bilhões até o fim de 2015.
Mas por causa da infraestrutura inadequada do país, a maioria dos iates de indianos fica atracada nos Emirados Árabes ou na costa do mar Mediterrâneo. Um desses barcos é o Indian Empress, que vale US$ 90 milhões (R$ 275 milhões) e pertence ao magnata Vijay Mallya, dono da empresa de bebidas alcóolicas UB Group, da Kingfisher Airlines e da equipe de Fórmula 1 Force India. Com 312 pés, trata-se de um dos maiores iates do mundo, que Mallya usa para festas.

Férias e vinhos

O exclusivo clube dos super-ricos indianos é formado por pessoas que trabalham duro e que, nas férias, não têm dúvidas na hora de planejar uma viagem internacional. Shetty, por exemplo, gosta de "fugir para a Suíça ou para a Áustria" ou ainda "para outras partes do mundo com beleza natural em abundância".
Segundo o site TripAdvisor da Índia, 66% dos indianos disseram que planejavam viajar para o exterior em 2014 – 21% a mais do que em 2013. Um relatório da Kotak Wealth Management e da Ernst & Young, que registra os gastos dos super-ricos, indica que quase 50% desses milionários indianos fazem pelo menos três viagens de luxo ao exterior por ano, gastando mais de US$ 40 mil (mais de R$ 120 mil) anualmente em lazer.
Enquanto Dubai e Singapura continuam sendo os principais destinos para compras, muitos agora preferem o Mediterrâneo e o Caribe.
Muito indianos agora também estão investindo em vinhos finos, como o Château Lafite, o Châteu Petrus e o Château Haut Brion, como parte de seu portfolio de investimentos. Segundo Robin Khana, diretor da Bordeaux Traders, uma consultoria de investimento em vinhos com sede em Viena, o número de indianos colocando seu dinheiro nesses produtos está crescendo.
"Vinhos finos estão se tornando uma bebida mais popular na Índia e muitos hotéis de lá estão começando a importar o produto".
Um caixa desses vinhos pode variar entre US$ 12,3 mil (mais de R$ 37 mil) e US$ 123 mil (quase R$ 376 mil).
"Os investidores indianos são muito cautelosos e exigentes, com muita atenção nos detalhes", diz Khanna. "São homens de negócios muito astutos, que agarram oportunidades únicas com as duas mãos".








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